segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As Estamiras dos Brasis


Tudo que era poesia agora não é mais. Não passa de matéria orgânica em decomposição nesse aterro sanitário. Aterro que serve de abrigo a cães, ratos, homens e mulheres sem perspectivas de um ap no Leblon. Eu não sou a poesia, você não é, o ator da globo, as estrelas não são, esse astro que pra mim não serve de nada, não coloca comida no meu saco, fica me olhando de cima como uma madame que faz de seu cachorro o amante de tantas noites uivando de dor. Não, a poesia não está no meu bolso, não está na filha do poeta. A poesia está podre, estragou, foi pro lixão.



Rogério Saraiva

3 comentários:

Samantha Abreu disse...

talvez para cada um de nós, a poesia esteja na (sobre)vivência.

Seja no lixo, no vício, no risco.

A poesia está, talvez apenas em partes, nos olhos de quem a vê. E os olhos são a porta da alma, né não?! Poesia que entra pelo teu olho, não te dá o mesmo 'soco' que a que entra pelo meu.
Ainda bem que é assim, senão todos os poetas seriam os mesmos, as rimas seriam refrão de funk e a poética seria filme da sessão da tarde.

Adorei o texto.
Beijos!

Anônimo disse...

Um dia eu escrevi meu brother:
"O cisco sentado no banco da praça insiste em ser o poema que permanecerá por séculos"
Mandou bem no seu texto, a poesia é o lixo hospitalar, é a porra, é a fagulha, é algo que não se explica, se vive, se come, se mete, um trem descarrilhado, um risco no ar... riscado.

Abração.

enten katsudatsu disse...

passando pra falar que sinto falta dos seus textos aqui.

abração.

Cássio Amaral.