Este simples blog de poesias já tem 8 anos e com mais de 8 mil acessos. Poucas poesias publicadas, mas singelas e sem pretensões. Nesses 8 anos teve por título "Caiu na rede Um close e receitas de Dona Moça" onde ganhou destaque em vários sites de poesia como o Germina Literatura, Versos de Falópio, entre outros. Hoje, numa nova perspectiva, ganha novo título. O abismo está sempre diante de nós, há aqueles que voltam e há aqueles que pulam ao desconhecido. O "nada" pode ser tudo.
meus sonhos são presságios de outros mundos que caminhei e que ainda hei de caminhar nas vitórias e derrotas em mãos adestradas pela batalha que é viver, amar e não morrer
a morte é uma idéia e como todo ideal encontra nos dedos a facilidade da jóia mais rara e mais fácil de ser encontrada, amor que para...
nos bocejos das velhas senhoras bucólicas onde seus rostos enrugados teciam um leve sorriso fechado pela vergonhosa felicidade de seus lábios enaltecidos pela gordura da carne comida e de suas dentaduras insensatas que insistiam em sair do lugar
nas paredes histórias, estórias e mais histórias de um mundo tão pequeno, mas grande e tão vivido bambu verde estalando nas brasas em meios mitos distorcidos contados pela veracidade daqueles velhos mais verdadeiros que poderiam existir
ao canto dos pássaros viajantes um homem sorriu um barco velejou e o forasteiro seguiu
É como caminhar sem perceber o rumo que te leva a engolir o mar. É o sentir de que a cada instante tudo se afoga. A cada momento, um momento último, desnudo de meus desejos e pensamentos que se perderam a tantas gotas d'água reunidas para acalentar tantos sonhos dilacerados. O desmundo daquilo que não sei foi, um suspiro do universo e um desejo intenso de apenas andar pelo mar.
Perguntaram para Davi, o ancião, a fim de lhe zombar e agaranhar informações:
- Ancião, o que há após àquela montanha?
Davi, continuando o seu trabalho manual de camponês, sem fitar os soldados
que ali se encontravam, respondeu:
- Tem armas, cavalos, poder e não consegues saber? O que há após aquela
montanha não é nada que os olhos de um pássaro já não tenham visto.
Os soldados, não entendendo as sábias palavras do velho ancião, retrucaram:
- Oras, velho! Não dê meias palavras, se não o sabes o que há após aquela
montanha, apenas diga, não o sei. E se sabes, diga-nos, pois somos guerreiros
e guerreiros necessitam lutar.
Davi, sem se desfazer de seus afazeres, sorriu e exclamou:
- Vocês são fortes, talvez os melhores guerreiros de todo o mundo. Mas
se não sabes o que há depois de um amontoado de terra com todas as vitórias
já conquistadas, como poderei eu, um velho de aldeia ser mais preciso
de tão nobres homens?
- Soldados, vamos embora, este velho não sabe de nada, estamos perdendo tempo aqui.
Após dizer isso, o mais nobre de todos os guerreiros se reiterou daquele local. Após
um instante, um jovem soldado, muito imaturo aparentemente por sua fisionomia
e possível ingenuidade, chegou ao velho Davi e disse:
- Conheço-te, mas não sei de qual povoado. Sua voz, sua barba e o jeito de nos falar...
Diga-me ancião, o que nos espera após a montanha?
Davi, sorrindo e parando de trabalhar em seu moinho de água, respondeu:
- Jovem, nos conhecemos sim e tu vais lembrar enquanto tiver subindo essa montanha. Tenha
olhos de pássaros e verás que após ela, os que se dizem fortes vão enfraquecer e os fracos
que conseguirão vencer a árdua subida que estás à frente, serão fortes de espírito. Meu jovem,
conheça os mistérios de si mesmo e desvendará o que há após todas as montanhas do mundo.
O jovem, abrindo um sorriso que apenas os jovens possuem, entendeu que a verdadeira batalha seria travada nas montanhas que envolvem o seu coração.